Verbetes

Ezequiel Caetano Dias, filho de Elisa Gonçalves Dias e Caetano Dias, nasceu no dia 11 de maio de 1880, em Macaé, estado do Rio de Janeiro. Foi casado com Maria Cândida Fonseca Dias, com quem teve dois filhos. Em sua carreira de pesquisador, dedicou-se aos estudos da microbiologia e da medicina experimental. Começou os estudos primários em sua cidade natal, no colégio que pertencia ao pai, e depois, seguiu para Campos dos Goitacazes. Em 1896, aos 16 anos, após terminar o ensino secundário, para satisfazer antigo desejo de seu pai, começou a cursar Farmácia, na Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro. No entanto, após finalizar este curso, seguiu sua verdadeira vocação, e através de um aproveitamento de disciplinas, iniciou o curso de Medicina, na mesma instituição. Trabalhou como farmacêutico responsável na Farmácia Laranjeiras, concomitante aos estudos de medicina e, como acadêmico, em 1902, passou a frequentar o Instituto Soroterápico Federal (ISF). No ISF, construiu um elo de admiração mútua e de amizade com Oswaldo Cruz. Tanto que, na ocasião em que este pediu demissão do instituto, por conta dos atritos com o Barão de Pedro Affonso, Ezequiel Dias, em solidariedade a seu mestre, amigo e posteriormente, cunhado, também se desligou. Em contrapartida, quando Oswaldo Cruz reassumiu a direção geral em 1903, convidou Ezequiel para ser seu assistente. Neste mesmo ano, Ezequiel Dias obteve o grau de doutor na Faculdade de Medicina, com a apresentação da tese: “Hematologia normal no Rio de Janeiro”.
Em 1904 participou de comissão para os estudos do beriberi e, uma doença causada pela desnutrição, muito comum no Brasil da época. Suas pesquisas tiveram grande destaque no meio científico, o que lhe rendeu em 1905, o cargo de diretor de Higiene, do Laboratório Bacteriológico, no estado do Maranhão. Lá, obteve autonomia e recursos para montar uma completa estrutura de pesquisa, e pôde colocar em prática o que aprendeu em Manguinhos, sobre saúde pública. Infelizmente, durante sua estada no Maranhão, Ezequiel Dias recebeu o diagnóstico de tuberculose e acabou tendo que regressar ao Rio de Janeiro, para obter maiores cuidados. Foi orientado a se refugiar num local de clima mais ameno para o controle da doença, e, por essa razão, foi morar com a família em Minas Gerais. Em um ano, após apresentar significativa melhora, Ezequiel recebeu uma proposta de Oswaldo Cruz, para dirigir a primeira filial do Instituto em Minas Gerais, na capital, Belo Horizonte, cidade que na época fora privilegiada por sua expansão da economia agrícola e da pecuária no estado. Apesar do crescimento econômico, os investimentos agrícolas impactaram fortemente na qualidade de vida da população local, que teve que conviver com a proliferação de pragas e de moléstias, até então desconhecidas, que causaram danos não só para os humanos, como também para os animais. Ao aceitar o desafio, em 1907, inaugurou o Instituto Filial de Manguinhos (onde atualmente funciona a biblioteca pública do Estado de Minas Gerais). O local foi uma importante referência acadêmica na cidade. Ezequiel Dias promoveu estudos e circuitos de debates com médicos e naturalistas. Documentos da época dão conta de que foram nestas reuniões que nasceu e se concretizou o projeto da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, fundada em 1911 e, atualmente, vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Além de Dias, mais onze médicos e um farmacêutico estiveram à frente deste empreendimento. Dias atuou na Universidade como docente e implementou a cadeira da bacteriologia, permanecendo como Catedrático até sua morte.
Ocupou o cargo de Diretor da Filial do Instituto “Oswaldo Cruz” em Belo Horizonte. Coordenou pesquisas e análises relacionadas a problemas rurais como escorpiões, febre aftosa, piobacilose (peste dos pulmões) e doença de Chagas. Comandou, a produção de soros e vacinas, como o antidiftérico e a antivariólica. Em 1918, através de uma parceria com o governo de Minas e o Instituto Butantan, de São Paulo, inaugurou o Posto Antiofídico na Filial. O serviço foi responsável por receber espécimes de cobras encontradas por fazendeiros para retirar o veneno, que seria encaminhado ao Butantan para a produção de soro antiofídico.
Mesmo debilitado pela tuberculose, continuou produzindo artigos científicos, bem como poesias e ensaios literários. Foi um grande exemplo de pesquisador, com muitos seguidores.
Dentre suas principais obras, destacam-se: “Estudos hematológicos na Moléstia de Chagas”, “Estudos experimentais sobre o Anaplasma” em colaboração com Henrique Aragão e “Contribuição ao Estudo da Peste dos Pulmões”, este publicado com a colaboração de Marques Lisboa. “Adenomicose Endêmica”, Pesquisas etiológicas na Leucemia”, “O Instituto Oswaldo Cruz”, “Lição inaugural de Microbiologia na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte” e “Notas sobre Oswaldo Cruz”. Outra obra da maior importância foi “Profilaxia dos Escorpiões” em colaboração com os Drs. Samuel Libânio e Marques Lisboa.
Entre as várias homenagens recebidas, está a Alameda que tem o seu nome Ezequiel Dias, na região hospitalar de Belo Horizonte. Ezequiel Dias ocupa a cadeira 67 da Academia mineira de medicina.
Uma década depois de sua morte, o Instituto foi transferido para o governo estadual e passou a se chamar Fundação Ezequiel Dias (FUNED), uma forma de eternizar a importante contribuição ao desenvolvimento da Ciência e da Saúde em Minas Gerais.
Visite o fundo arquivístico no site Base Arch - Ezequiel Caetano Dias.
ALMEIDA, Christobaldo Motta de. Ezequiel Caetano Dias. Rio de Janeiro: Academia Nacional de Medicina, 2024. Disponível em: http://www.acadmedmg.org.br/ocupante/ezequiel-caetano-dias/.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Ezequiel Dias. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 1-8, 1922. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0074-02761922000200001.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Casa de Oswaldo Cruz. Base Arch: Ezequiel Caetano Dias. Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/ezequiel-dias-1880-1922.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Oswaldo Cruz. Ezequiel Caetano Dias. Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: http://www.ioc.fiocruz.br/pages/personalidades/EzequielCaetanoDias.htm.