Verbetes

De origem portuguesa, teriam ido seus bisavós inicialmente para a Ilha Grande. Já em Angra, nasceram seus pais João de Matos Travassos e Laura Pereira Travassos. Nasceu em Angra dos Reis dia 2 de julho de 1890. Lauro Travassos se formou pela Faculdade de Medicina em 1913. Antes o colégio Alfredo Gomes. Em 1915 defende a tese intitulada: "Informações sobre os helmintes parasitos do homem encontrados no Brazil". Frequentou o Instituto de Manguinhos desde a época de estudante, onde depois passou a trabalhar para Gomes de Faria, dedicando-se especialmente à Helmintologia. Nesta especialidade, escreveu seus primeiros 181 trabalhos, passando então a dedicar-se também à Entomologia.
Em 1929 foi professor no Instituto Tropical de Hamburgo. Na verdade, com o crescimento do Instituto, o antigo laboratório de Helmintologia se transformou numa grande seção, integrante da Divisão de Zoologia médica. Estudou na Faculdade de Medicina e trabalhou num Instituto de Medicina Experimental, mas sua contribuição fundamental foi a zoologia.
Além disso, o seu grande espírito público dele fez dos mais acendrados colaboradores para o aperfeiçoamento de várias instituições, tendo sido notável sua contribuição ao Museu Nacional.
Em Manguinhos, Lauro Travassos trabalhou a maior parte de sua vida. Iniciou sua carreira científica a partir da participação no combate à febre amarela no Rio de Janeiro e em Belém. Travassos frequentou o Curso de Aplicação Instituto Oswaldo Cruz e trabalhou como estagiário no Laboratório de Helmintologia, sob a orientação de Gomes de Faria, com quem publicou, em 1913, uma monografia sobre ancilostomídeos, parasitos do intestino do homem causadores da ancilostomíase. Lauro Travassos participou, em 1912, da comissão que investigou as epizootias que flagelavam os rebanhos brasileiros na região de Botucatu (SP). Em 1915, acompanhou os trabalhos da Fundação Rockfeller, em Minas Gerais, relativos ao controle da ancilostomose. Em 1926, assumiu a cátedra de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo. Em Manguinhos trabalhou durante toda a sua vida. Oswaldo Cruz abria espaço para qualquer tipo de ciência. Desde que fosse de qualidade. Era assim naquele tempo. E incorporou no seu trabalho, uma tradição que vinha do Museu Nacional. Do tempo do império, a zoologia. A sistemática. Ao longo de sua vida publicou 440 trabalhos sobre Helmintologia e Entomologia. Todos em português
Foi professor catedrático na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. As excursões realizadas pelo interior do Brasil ficaram famosas, resultando na criação da Coleção Helmintológica e em um grande intercâmbio nacional e internacional. Foi ainda membro da Academia Brasileira de Ciências.
Travassos simbolizou uma época, sobretudo levando-se em consideração as grandes dificuldades em fazer ciência, num país como o nosso. Pelo conteúdo de seus trabalhos, foi distinguido ao nível internacional com admiração de seus pares. E não só na Helmintologia, mas na Entomologia, especialidade a que também dedicou grande parte dos seus esforços. Abriu caminho no meio científico para quem tinha mérito, competência.
Embora suas publicações se refiram especialmente a sistemática, tinha conhecimentos vastos em Biologia e História Natural. Influenciou direta ou indiretamente novos caminhos.
Dos mais antigos e prestigiados cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pertenceu àquela geração formada pelos chamados discípulos de Oswaldo Cruz, o grupo pioneiro de Carlos Chagas, Arthur Neiva, Lauro Travassos, Henrique Aragão, entre outros.
BATISTA, Ricardo dos Santos. A formação inicial de Antônio Luis Cavalcanti de Albuquerque de Barros Barreto: uma trajetória rumo à saúde internacional. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 801-822, jul./set. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/zWMLWbKRCBnbmhcXQ67SMRK/?lang=pt#.
DALMEIDA, Jose Mario. Contribuições de Lauro Travassos (1890-1970) para a zoologia brasileira. História da Ciência e Ensino, v. 14, p. 88-99, 2016. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/hcensino/article/view/26753.
FERREIRA, Luiz Fernando. Lauro Travassos (1890 - 1970). Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 5, n. 4, p. 461-469, out./dez. 1989. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/Xy7KXjpxSpndzJHfhVq8KLS/?lang=pt#.
FUNDAÇAO OSWALDO CRUZ. Casa de Oswaldo Cruz. Base Arch: Fundo LT - Lauro Travassos. Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https://basearch.coc.fiocruz.br/fundo-lauro-travassos.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Oswaldo Cruz. Fiocruz-CHIOC: Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https://specieslink.net/col/Fiocruz-CHIOC/.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Oswaldo Cruz. Lauro Pereira Travassos. Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=249&sid=77.
PAVILHÃO Lauro Travassos: caderno de memórias. Rio de Janeiro: Fiocruz/IOC, 2023. 1 vídeo (06min 56s), color. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/58941.
TRAVASSOS, Lauro Pereira; FREITAS, J. F. Teixeira de. Relatório da excursão científica realisada na zona da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em Julho de 1939. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 35, n. 3, p. 525-556, 1940. Disponível em: https://www.scielo.br/j/mioc/a/tt7q58tzCbTHQDJDt94bGLp/?lang=pt.