Verbetes

Pedro Affonso de Carvalho Franco ou Barão de Pedro Affonso, nasceu em Paraíba do Sul (RJ), em 21 de fevereiro de 1845, filho de Pedro Afonso de Carvalho e Luísa Helena de Carvalho. Licenciou-se em Letras pelo Colégio Pedro II aos 17 anos, continuou seus estudos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro obtendo o título de doutor em 1869, em sequência especializou-se pela Universidade de Paris, retornando ao Brasil em 1872.
Ainda em 1872, o Dr. Pedro Affonso obteve a sua nomeação para a cadeira de patologia cirúrgica na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo alcançado o 1º lugar em concurso para a cátedra, que ocupou por mais de 25 anos. O êxito em suas intervenções cirúrgicas trouxe-lhe grande popularidade e uma ampla atuação na área.
O Dr. Pedro Affonso, que era diretor do Hospital da Santa Casa da Misericórdia e desde 1878 vinha tentando reproduzir a vacina animal no combate à varíola, feito que só conseguiu realizar em 1887, após a vinda da polpa glicerinada do Instituto Chambon de Paris. Em 15 de setembro de 1894, pelo decreto número 105, fundou no Rio de Janeiro o Instituto Vacínico Municipal, no intuito de produzir a vacina antivariólica e promover a vacinação na cidade. Esta instituição funcionou até 1920, quando a vacina no combate à varíola passou a ser atribuição do Instituto Oswaldo Cruz, após uma reorganização do Departamento Nacional de Saúde Pública.
Pode-se de destacar ainda uma breve passagem do Barão na função de “conselheiro” de assuntos pertinentes à saúde pública, entre o fim do Império e o ano de 1902.
O Barão de Pedro Affonso foi protagonista na criação do Instituto Soroterápico Federal, hoje Fundação Oswaldo Cruz. Ao tomar conhecimento de telegramas vindos do Paraguai em junho de 1899, anunciando a presença da peste bubônica na América do Sul, a classe médica brasileira mostrou-se assombrada. Coube então ao Barão, a incumbência de importar dos institutos europeus um sortimento de soros e vacinas contra a peste, porém não tendo sucesso em suas investidas. Com as respostas do atendimento ter previsão de grande demora vindas de Berlim e Paris, o Barão vislumbrou como solução a instalação no Rio de Janeiro de um laboratório antipestoso.
Quando a peste bubônica eclodiu na cidade de Santos, o prefeito da capital federal, Cesário Alvim, não hesitou e por decreto de 19 de outubro de 1899 autorizou as despesas necessárias para a instalação, aparelhamento e custeio de um novo laboratório, como anexo do Instituto Vacínico Municipal sob a direção do próprio Barão. E assim, o Barão resolveu com rapidez sobre a escolha do local de estabelecimento do futuro laboratório, que depois de percorrer grande número de ilhas da Baía de Guanabara e outros lugares, pensou em instalar o laboratório na Quinta da Boa Vista. Porém, Luiz van-Erven, Diretor de Obras da Municipalidade, o convidou a visitar a fazenda de Manguinhos em Inhaúma, onde havia em construção fornos de incineração de lixo e assim foi escolhido o terreno para o futuro Instituto Soroterápico Federal.
O Barão manifestou o compromisso de assumir a direção do futuro laboratório, inclusive sem remuneração, com a condição de ter autonomia para a escolha do pessoal e assim convidou os técnicos doutores Ismael da Rocha, Oswaldo Cruz e Henrique Vasconcellos e mais dois alunos de medicina Antônio Cardoso Fontes e Ezequiel Dias. Além deste quadro de profissionais, foi autorizado pelo governo a contratação de um veterinário vindo da Europa.
Em 10 de dezembro de 1899 o Barão partiu para a Europa para aquisição do material necessário deixando as obras de construção dos laboratórios iniciadas e sob a fiscalização da prefeitura. Ao retornar em 28 de fevereiro de 1900 trouxe consigo o material e a contratação do bacteriologista Carré.
Com tudo pronto para começar as atividades do novo Instituto, deparou-se com um novo prefeito, Coelho Rodrigues, que se manteve contrário à sua instalação. O Barão manteve-se por meses tentando reverter a situação sem sucesso, com todos os instrumentos encaixotados e depositados em Manguinhos. E somente após a intervenção de Nuno de Andrade, diretor de Saúde Pública, que conseguiu convencer o Presidente da República, Campos Salles e o Ministro do Interior, Epitácio Pessoa, que o governo federal assumisse o novo Instituto, requerendo para si a Fazenda de Manguinhos. O Barão manteve-se da direção geral do Instituto Soroterápico até dezembro de 1902 quando pediu dispensa do cargo após divergências com Oswaldo Cruz, então diretor técnico.
Em relação ao seu título de Barão, por seu triunfo na clínica e no corpo diplomático, o Imperador do Brasil, D. Pedro II, lhe conferiu o referido título. O Barão de Pedro Affonso recebeu este título há dois meses e meio do fim do regime monárquico, em 31 de agosto de 1889, e durante este período não usufruiu do uso do título, fazendo questão de usá-lo somente após o advento da República.
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